Astrônomos dão continuidade à procura por vida alienígena
O seguinte artigo, escrito pelo jornalista Dennis Overbye, foi publicado no dia 5 de dezembro passado no jornal The New York Times
Astrônomos anunciaram nesta segunda-feira que ‘tiraram o ET da espera telefônica’ e estão reiniciando a procura por sinais de rádio gerados por civilizações extraterrestres, com um conjunto de radio telescópios em Hat Creek, Califórnia – EUA. O projeto, que é parte do SETI, foi suspenso em abril, quando o Observatório Hat Creek, da Universidade da Califórnia, ficou sem financiamento.
Os astrônomos do SETI estavam usando um conjunto inovador de radio telescópios, conhecidos como Allen Telescope Array, com o objetivo de captar possíveis transmissões alienígenas dos planetas recém encontrados pelo satélite Kepler da NASA. Sob um novo contrato, bem como fundos levantados por contribuição pública que totalizaram US$ 200,000, as astrônomos do SETI irão compartilhar os telescópios com a Força Aérea dos EUA, que está interessada em usá-los para rastrear satélites e lixo espacial.
Às 6h18min, Horário Padrão do Pacífico (EUA), na segunda-feria, o conjunto de telescópio retornou ao trabalho, procurando por aquilo que Jill Tarter do Instituto SETI chamou de “tecnoassinaturas” de habitantes daqueles planetas.
“Sabemos que lá existem planetas“, ela disse, se referindo à área onde o satélite Kepler está apontando.
A ressurreição do SETI foi anunciada no início de uma conferência dedicada aos resultados do satélite Kepler, e estão conduzindo uma pesquisa para determinar a fração de estrelas que podem abrigar planetas habitáveis, como a Terra.
Acima de 500 astronomos se inscreveram, e eles mais do que receberam seu investimento de volta já na primeira hora: William Boruck, investigador do projeto, relatou que Kepler tinha confirmado seu primeiro planeta que orbita sua estrela dentro da zona habitável — a qual é a distância correta de sua estrela para possuir água no estado líquido em sua superfície.
Kepler 22b, como é conhecido, é 2,4 vezes o tamanho da Terra e aproximadamente 600 anos luz daqui. Ele leva 290 dias para orbitar sua estrela, a qual é levemente menor e menos brilhante do que o Sol. O Sr. Boruck disse que o planeta teria uma atmosfera razoável e a temperatura da superfície seria de aproximadamente 22ºC, “uma temperatura muito agradável“.
Mas, se o Kepler 22b é realmente habitável, depende de sua composição e atmosfera, e não sabemos nenhuma delas. O Kepler encontra planetas pela detecção da diminuição do brilho de uma estrela, quando um de seus planetas passa pela sua frente; e isto permite que os astrônomos meçam os tamanhos dos planetas, relativos às suas estrelas, mas não permite a medição de suas massas, nem de suas densidades ou composições.
Porém, o tamanho do Kepler 22b o coloca em uma classe de planetas conhecidos como super-Terras, e pouco é conhecido sobre eles, já que não há nenhum desses planetas em nosso sistema solar. Ele poderia ser pela maior parte rochoso, o que o daria 13 vezes a massa da Terra, ou poderia ser gasoso pela maior parte, como Netuno. Provavelmente, ele é algo entre um e outro, disse Mr. Borucki, adicionando: “Não temos planetas como este em nosso sistema solar“.
Ele disse que, devido a possibilidade de existir água lá, Kepler 22b seria um ótimo candidato para o SETI.
Mas o coletânea não para por aqui. Natalie Batalha, chefe da equipe de ciências do Kepler e professora na San Jose State University, desvendou uma avalanche de planetas candidatos, trazendo o potencial da lista de Kepler para 2.326 exoplanetas, ou planetas fora de nosso sistema solar. Ela disse que entre eles há 207 objetos que têm aproximadamente o tamanho da Terra e 680 outros que têm 10 vezes o tamanho da Terra — os chamados super-Terras. Ao todo, 48 dos supostos planetas estão na zona habitável, disse a Doutora Batalha.
Assim, há muitos alvos em potencial para o reenergizado Allen Array do SETI, batizado em homenagem ao Paul Allen, co-fundador da Microsoft e filantropo que pagou pelos 42 telescópios do conjunto. A Dra. Tarter disse que o SETI necessita de US$ 100.000 por mês para se manter operacional e, que ao longo do tempo, o dinheiro da Força Aérea não será suficiente para mantê-lo operacional.
“Precisaremos do apoio da população,” disse ela.
–Dennis Overbye
——–
n3m3
Fonte: www.nytimes.com